A cultura do Montanhismo Brasileiro sendo perdida entre chapas e bolts..
Nasceu
o Montanhismo como esporte no último quartel de século XVIII, sob a denominação
de "Alpinismo", por ter começado na famosa cordilheira dos Alpes, em
plena Europa Central. Foi, portanto seu marco inicial a escalada ao 'Mont
Blanc', no ano de 1786, considerada como o início da prática do chamado
"Nobre Esporte das Alturas", esporte que viria a ser praticado no
Brasil com o nome de Montanhismo. Mas o montanhismo brasileiro, tal como é
reconhecido hoje, teve como ponto de partida histórico a conquista, em 1912, do
Dedo de Deus, (1695m), em Magé divisa com Teresópolis, RJ. No início daquele
ano, um grupo de alemães veio ao Brasil com o intuito de escalar o Dedo de
Deus, atraído provavelmente pelo desafio da conquista e pela sua inegável
beleza. Contrataram como guia o caçador profissional Raul de Sá Carneiro,
profundo conhecedor daquela região. Antes de retornarem à Alemanha, segundo
registros da época, eles teriam dito que o Dedo de Deus era
"invencível" e posto que eles, "profissionais do esporte",
não haviam conseguido, "nenhum brasileiro o faria". Raul Carneiro não
viu as coisas de mesma forma. Convidou então um amigo, o pernambucano José
Teixeira Guimarães, e três teresopolitanos, (os irmãos Américo, Acácio e
Alexandre de Oliveira), para tentarem chegar ao cume. José Teixeira, ferreiro
de profissão, fabricou em sua oficina os grampos e outros apetrechos rústicos
que eles viriam a usar na escalada. . Em abril do mesmo ano seguiram para o
Dedo de Deus. Com a colaboração do menino João Rodrigues de Lima, que levava
alimentos até a base da escalada e carregando cordas de sisal, bambus e
ferragens após planejarem minuciosamente a expedição, levaram ao todo seis dias
para atingir o cume. Montanha símbolo do montanhismo no Brasil, o Dedo de Deus
possui hoje diversas vias de escalada e é muito freqüentado. A via original,
batizada de "Paredão Teixeira", é mais usada atualmente para descida.
OS SEUS GRAMPOS P, QUE AINDA SÃO
UTILIZADOS TANTO PARA O RAPEL QUANTO PARA ESCALAR, SÃO OS MESMOS FABRICADOS NO
VERÃO DE 1912 PELOS CONQUISTADORES NA OFICINA DE JOSÉ TEXEIRA GUIMARÃES.
Grampo da via Paredão Texeira
Grampos usados atualmente
O grampo P é uma
invenção brasileira e ponto de partida de nossa cultura de montanha. Sua
utilização e desenvolvimento ao longo do século XX representam a afirmação de
uma forma de conquistar e escalar própria. O grampo P foi criado pelo
conquistador do Dedo de Deus, José Teixeira Guimarães, em 1912, como proteção
fixa. Os europeus, mais precisamente os alemães, só criaram seu grampo fixo na
década de 1940. Até esta data eles usavam pitons, vindo a fabricar a chapeleta
para escalada em rocha muito tempo depois dos brasileiros terem criado o
grampo, ainda que fossem na época os melhores escaladores do mundo. Alguns dos
22 grampos do ferreiro pernambucano Teixeira Guimarães fixados no Dedo estão
ainda sendo utilizados por todos que repetem a via de conquista, há mais de 80 anos, sem quebras ou mortes.
O
grampo tem como grande vantagem sobre as chapeletas em geral o preço e a
possibilidade de rappel sem abandono de equipamento. Chapeletas são placas de
metal, fixadas à rocha por meios de spits ou parabolts, com anel que permite o
trabalho com mosquetão e fita. Devido à sua pequena espessura e bordas agudas,
não se pode usar cordas em chapeletas. Só é possível rappelar em vias
protegidas com chapeletas em pontos especiais em que há um anel de rappel preso
à chapeleta, ou com o abandono de fita ou mosquetão. Recentemente foi
desenvolvida por um empresa brasileira uma chapeleta que permite o rapel, mas é
inviável, pois é mais caro que as chapeletas normais.
É certo que a tecnologia usada na fabricação
de nossos grampos P é basicamente a mesma,
mas houve melhorias no controle do aço e das soldas. O uso cada vez mais
intensivo das furadeiras tem melhorado a fixação das proteções, evitando o
emprego de palhetas. Os grampos de aço inoxidável (Pellegrini e Stumpf),
galvanizados (Santa Cruz) representam um avanço acentuado quanto à sua
durabilidade. Os brasileiros continuam a fabricar grampos de forma artesanal,
por serralheiros que não tem na fabricação deste produto sua principal fonte de
renda, o que é errado, pois para a fabricação de grampos devem ser feitas por
escaladores ou pessoas que entendam do assunto, é como no caso das ressolas,
não adianta ressolar sapatilhas se não entender de escalada. Assim, a pesquisa
tecnológica neste campo praticamente não existe, o que não significa
necessariamente um atraso, uma vez que os nossos grampos tem atendido às nossas
necessidades, isto é, não há registros de acidentes FATAIS devido à sua quebra.
Já
as chapeletas, mesmo sendo equipamentos homologados existe inúmeros registros
de acidentes fatais aqui no Brasil e o ultimo se não me engano na Austrália, onde
varias chapeletas foram arrancadas da parede com a queda do guia. Chapeletas
com argola é ilusão, se repararem bem na junção da argola a solda é pouca em
relação ao olhal do grampo, e as soldas são feitas a mão do mesmo jeito que são feitos os olhais dos grampos, se for uma solda mal
feita ela poderá romper. Então qual a diferença entre a solda do grampo e a solda da argola da chapeleta? a chapeleta sim é uma peça unica mais a argola existe uma solda em sua junção, repare bem quando você colocar seu peso em uma argola na chapeleta, existe apenas um pingo de solda, já o olhal do grampo em sua fabricação ele é cunhado para receber mais solda, o que aumenta ainda mais a resistência da solda.
Comparação Grampo x Chapeleta
Grampos P Vantagens
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Chapeletas Vantagens
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Grampos P, desvantagens
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Chapeletas desvantagens
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Mais barato em relação as chapas, pois é uma peça
única sem a necessidade de bolts.
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Fácil instalação e proteção mais segura em Tetos.
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Difícil instalação em tetos, não é ideal para
esse fim, mas as vias existentes eles resistem até hoje nos tetos
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Necessário abandono de equipamento para rapel (dependendo
da via pode ser feito rapel em cordelete, uma manobra que não aceita erro,
pois será fatal)
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Não é necessário o abandono de equipamento para
rapel, sendo possível usar a corda diretamente no olhal.
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Chapeletas são homologadas
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Não existe um fabricante de grampos como
principal fonte de renda
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Mais caro, pois além das chapas, é necessário os
bolts, onde pode ser comprado em casas de parafusos, e muitas pessoas compram
bolts de ferro, sendo o correto bolts de aço.
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Visivelmente identificar se está bem instalado ou
se existe oxidação em sua base
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Mais difícil identificar se os bolts etão bem
instalados ou oxidados, por seu corpo se interno e a chapa esconde sua base.(
fácil ocorrer efeito guilhotina)
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O
teste dos grampos realizado por Marcelo Roberto e Miguel Freitas, na PUC - Rio,
foi o primeiro no Brasil e surgiu da necessidade de verificar o quanto eram
seguras as originais proteções brasileiras. Foram testados grampos feitos pelo
Chiquinho, os inox de Wanderley Stumpf e os fabricados pelo Unicerj, provavelmente
na UFRJ. O alpinista José Ivan Calou Filho, do CEC - Clube Excursionista
Carioca, argumenta: "Os resultados do teste que podem ser obtidos na home
page do CEC, mostraram que o grampo de pior 'performance' suportou até 1.400 kg
quando começou a romper. Os detratores dos grampos argumentam que é pouco, que
as chapeletas suportam muito mais. Mas, porque então as homolgadas chapeletas,
seus spits e parabolts tem rompido? Os 1.400 kg de nossos grampos não são
suficientes? Quanto suporta o corpo humano? Porque temos que aceitar os padrões
de homologação da UIAA e CE? Os testes mostraram também - e os detratores não
divulgam - que os nossos grampos fixados com olhal para baixo, suportam mais de
4.000 kg, ainda que as soldas não sejam de boa qualidade."
Os
números também depõe contra os detratores dos grampos. Embora haja registro de
quebras de grampos, não se sabe no Brasil de nenhuma ocorrência de morte por
falha de proteções. Já nos EUA, Europa e restante do mundo, os mais avançados
spits e parabolts são arrebentados por chapeletas homologadas pela UIAA e CE,
provocando mortes documentados em revistas especializadas. Há muitos casos de
acidentes com chapeletas em paradas duplas.
A UIAA, União Internacional das Associações de Alpinismo, chamou a
atenção de escaladores para que fiquem atentos à proteções fixas em regiões
litorâneas tropicais, onde a maresia pode oxidar o material.
Diversos acidentes recentes fizeram a UIAA emitir um comunicado aos
escaladores do mundo inteiro para que tenham cuidado ao escalar em zonas
litorâneas.
De acordo com eles, a maresia pode reduzir a resistência das chapeletas que podem se romper com uma força de 1 a 5 KN, enquanto que elas deveriam resistir até 22KN. Cada KN é o peso de uma massa de 100 kg. Um estudo está sendo feito pela UIAA, o Brasil é um país que tem uma infinidade de vias nestes ambientes, mas não são todos os locais que tem a merecida manutenção das proteções. Apesar de muitas vias não estarem em condições de escalada, não faça a substituição das chapeletes sem comunicar o conquistador, pois na ética brasileira deve sempre haver um consenso com quem abriu e escalou a via pela primeira vez. Da maneira que as características devem ser mantidas.
De acordo com eles, a maresia pode reduzir a resistência das chapeletas que podem se romper com uma força de 1 a 5 KN, enquanto que elas deveriam resistir até 22KN. Cada KN é o peso de uma massa de 100 kg. Um estudo está sendo feito pela UIAA, o Brasil é um país que tem uma infinidade de vias nestes ambientes, mas não são todos os locais que tem a merecida manutenção das proteções. Apesar de muitas vias não estarem em condições de escalada, não faça a substituição das chapeletes sem comunicar o conquistador, pois na ética brasileira deve sempre haver um consenso com quem abriu e escalou a via pela primeira vez. Da maneira que as características devem ser mantidas.
Muitos preferem
chapeleta e muitos preferem grampos, eu particularmente prefiro os grampos,
pois além de todas as vantagens citado na tabela é um produto nacional,
inventado por Brasileiro que mudou a historia do montanhismo nacional, infelizmente
muitos escaladores vendo o crescimento da escalada esportiva, estilo que adoro
escalar e faço questão de dizer isso, estão deixando essa cultura morrer e os
grampos estão ficando cada vez mais extintos de nossas paredes, quero dizer,
estamos acabando com uma cultura de 100 anos, essa é uma cultura do brasileiros
copiar o que acontece lá fora nas gringas. Claro que na europa eles vão dizer
que as chapeletas são melhores do que os grampos, pois é uma cultura deles e
eles não vão deixar essa cultura morrer, então porque devemos copia-los? Me
falaram uma vez que as chapeletas são melhores, pois faz menos força na hora de
instalar, véi, na moral !!! papo de preguiçosos...
Texto retirado do site www.clubedosaventureiros.com e adaptado por Sergio Ricardo.