Serra do Cipó

Serra do Cipó
Sinos de Aldebarãn 8c

terça-feira, 26 de junho de 2012

Grampo P


A cultura do Montanhismo Brasileiro sendo perdida entre chapas e bolts..
Nasceu o Montanhismo como esporte no último quartel de século XVIII, sob a denominação de "Alpinismo", por ter começado na famosa cordilheira dos Alpes, em plena Europa Central. Foi, portanto seu marco inicial a escalada ao 'Mont Blanc', no ano de 1786, considerada como o início da prática do chamado "Nobre Esporte das Alturas", esporte que viria a ser praticado no Brasil com o nome de Montanhismo. Mas o montanhismo brasileiro, tal como é reconhecido hoje, teve como ponto de partida histórico a conquista, em 1912, do Dedo de Deus, (1695m), em Magé divisa com Teresópolis, RJ. No início daquele ano, um grupo de alemães veio ao Brasil com o intuito de escalar o Dedo de Deus, atraído provavelmente pelo desafio da conquista e pela sua inegável beleza. Contrataram como guia o caçador profissional Raul de Sá Carneiro, profundo conhecedor daquela região. Antes de retornarem à Alemanha, segundo registros da época, eles teriam dito que o Dedo de Deus era "invencível" e posto que eles, "profissionais do esporte", não haviam conseguido, "nenhum brasileiro o faria". Raul Carneiro não viu as coisas de mesma forma. Convidou então um amigo, o pernambucano José Teixeira Guimarães, e três teresopolitanos, (os irmãos Américo, Acácio e Alexandre de Oliveira), para tentarem chegar ao cume. José Teixeira, ferreiro de profissão, fabricou em sua oficina os grampos e outros apetrechos rústicos que eles viriam a usar na escalada. . Em abril do mesmo ano seguiram para o Dedo de Deus. Com a colaboração do menino João Rodrigues de Lima, que levava alimentos até a base da escalada e carregando cordas de sisal, bambus e ferragens após planejarem minuciosamente a expedição, levaram ao todo seis dias para atingir o cume. Montanha símbolo do montanhismo no Brasil, o Dedo de Deus possui hoje diversas vias de escalada e é muito freqüentado. A via original, batizada de "Paredão Teixeira", é mais usada atualmente para descida.  OS SEUS GRAMPOS P, QUE AINDA SÃO UTILIZADOS TANTO PARA O RAPEL QUANTO PARA ESCALAR, SÃO OS MESMOS FABRICADOS NO VERÃO DE 1912 PELOS CONQUISTADORES NA OFICINA DE JOSÉ TEXEIRA GUIMARÃES. 
Grampo da via Paredão Texeira
Grampos usados atualmente
O grampo P é uma invenção brasileira e ponto de partida de nossa cultura de montanha. Sua utilização e desenvolvimento ao longo do século XX representam a afirmação de uma forma de conquistar e escalar própria. O grampo P foi criado pelo conquistador do Dedo de Deus, José Teixeira Guimarães, em 1912, como proteção fixa. Os europeus, mais precisamente os alemães, só criaram seu grampo fixo na década de 1940. Até esta data eles usavam pitons, vindo a fabricar a chapeleta para escalada em rocha muito tempo depois dos brasileiros terem criado o grampo, ainda que fossem na época os melhores escaladores do mundo. Alguns dos 22 grampos do ferreiro pernambucano Teixeira Guimarães fixados no Dedo estão ainda sendo utilizados por todos que repetem a via de conquista, há mais de 80 anos, sem quebras ou mortes.
O grampo tem como grande vantagem sobre as chapeletas em geral o preço e a possibilidade de rappel sem abandono de equipamento. Chapeletas são placas de metal, fixadas à rocha por meios de spits ou parabolts, com anel que permite o trabalho com mosquetão e fita. Devido à sua pequena espessura e bordas agudas, não se pode usar cordas em chapeletas. Só é possível rappelar em vias protegidas com chapeletas em pontos especiais em que há um anel de rappel preso à chapeleta, ou com o abandono de fita ou mosquetão. Recentemente foi desenvolvida por um empresa brasileira uma chapeleta que permite o rapel, mas é inviável, pois é mais caro que as chapeletas normais.
 É certo que a tecnologia usada na fabricação de nossos grampos  P é basicamente a mesma, mas houve melhorias no controle do aço e das soldas. O uso cada vez mais intensivo das furadeiras tem melhorado a fixação das proteções, evitando o emprego de palhetas. Os grampos de aço inoxidável (Pellegrini e Stumpf), galvanizados (Santa Cruz) representam um avanço acentuado quanto à sua durabilidade. Os brasileiros continuam a fabricar grampos de forma artesanal, por serralheiros que não tem na fabricação deste produto sua principal fonte de renda, o que é errado, pois para a fabricação de grampos devem ser feitas por escaladores ou pessoas que entendam do assunto, é como no caso das ressolas, não adianta ressolar sapatilhas se não entender de escalada. Assim, a pesquisa tecnológica neste campo praticamente não existe, o que não significa necessariamente um atraso, uma vez que os nossos grampos tem atendido às nossas necessidades, isto é, não há registros de acidentes FATAIS devido à sua quebra.
Já as chapeletas, mesmo sendo equipamentos homologados existe inúmeros registros de acidentes fatais aqui no Brasil e o ultimo se não me engano na Austrália, onde varias chapeletas foram arrancadas da parede com a queda do guia. Chapeletas com argola é ilusão, se repararem bem na junção da argola a solda é pouca em relação ao olhal do grampo, e as soldas são feitas a mão do mesmo jeito que são feitos os olhais dos grampos, se for uma solda mal feita ela poderá romper. Então qual a diferença entre a solda do grampo e a solda da argola da chapeleta? a chapeleta sim é uma peça unica mais a argola existe uma solda em sua junção, repare bem quando você colocar seu peso em uma argola na chapeleta, existe apenas um pingo de solda, já o olhal do grampo em sua fabricação ele é cunhado para receber mais solda, o que aumenta ainda mais a resistência da solda.
Comparação Grampo x Chapeleta


Grampos P Vantagens
Chapeletas Vantagens
Grampos P, desvantagens
Chapeletas desvantagens
Mais barato em relação as chapas, pois é uma peça única sem a necessidade de bolts.
Fácil instalação e proteção mais segura em Tetos.
Difícil instalação em tetos, não é ideal para esse fim, mas as vias existentes eles resistem até hoje nos tetos
Necessário abandono de equipamento para rapel (dependendo da via pode ser feito rapel em cordelete, uma manobra que não aceita erro, pois será fatal)
Não é necessário o abandono de equipamento para rapel, sendo possível usar a corda diretamente no olhal.
Chapeletas são homologadas
Não existe um fabricante de grampos como principal fonte de renda
Mais caro, pois além das chapas, é necessário os bolts, onde pode ser comprado em casas de parafusos, e muitas pessoas compram bolts de ferro, sendo o correto bolts de aço.
Visivelmente identificar se está bem instalado ou se existe oxidação em sua base

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Mais difícil identificar se os bolts etão bem instalados ou oxidados, por seu corpo se interno e a chapa esconde sua base.( fácil ocorrer efeito guilhotina)

O teste dos grampos realizado por Marcelo Roberto e Miguel Freitas, na PUC - Rio, foi o primeiro no Brasil e surgiu da necessidade de verificar o quanto eram seguras as originais proteções brasileiras. Foram testados grampos feitos pelo Chiquinho, os inox de Wanderley Stumpf e os fabricados pelo Unicerj, provavelmente na UFRJ. O alpinista José Ivan Calou Filho, do CEC - Clube Excursionista Carioca, argumenta: "Os resultados do teste que podem ser obtidos na home page do CEC, mostraram que o grampo de pior 'performance' suportou até 1.400 kg quando começou a romper. Os detratores dos grampos argumentam que é pouco, que as chapeletas suportam muito mais. Mas, porque então as homolgadas chapeletas, seus spits e parabolts tem rompido? Os 1.400 kg de nossos grampos não são suficientes? Quanto suporta o corpo humano? Porque temos que aceitar os padrões de homologação da UIAA e CE? Os testes mostraram também - e os detratores não divulgam - que os nossos grampos fixados com olhal para baixo, suportam mais de 4.000 kg, ainda que as soldas não sejam de boa qualidade."
Os números também depõe contra os detratores dos grampos. Embora haja registro de quebras de grampos, não se sabe no Brasil de nenhuma ocorrência de morte por falha de proteções. Já nos EUA, Europa e restante do mundo, os mais avançados spits e parabolts são arrebentados por chapeletas homologadas pela UIAA e CE, provocando mortes documentados em revistas especializadas. Há muitos casos de acidentes com chapeletas em paradas duplas.

A UIAA, União Internacional das Associações de Alpinismo, chamou a atenção de escaladores para que fiquem atentos à proteções fixas em regiões litorâneas tropicais, onde a maresia pode oxidar o material.
Diversos acidentes recentes fizeram a UIAA emitir um comunicado aos escaladores do mundo inteiro para que tenham cuidado ao escalar em zonas litorâneas.
De acordo com eles, a maresia pode reduzir a resistência das chapeletas que podem se romper com uma força de 1 a 5 KN, enquanto que elas deveriam resistir até 22KN. Cada KN é o peso de uma massa de 100 kg.  Um estudo está sendo feito pela UIAA, o Brasil é um país que tem uma infinidade de vias nestes ambientes, mas não são todos os locais que tem a merecida manutenção das proteções. Apesar de muitas vias não estarem em condições de escalada, não faça a substituição das chapeletes sem comunicar o conquistador, pois na ética brasileira deve sempre haver um consenso com quem abriu e escalou a via pela primeira vez. Da maneira que as características devem ser mantidas.

Muitos preferem chapeleta e muitos preferem grampos, eu particularmente prefiro os grampos, pois além de todas as vantagens citado na tabela é um produto nacional, inventado por Brasileiro que mudou a historia do montanhismo nacional, infelizmente muitos escaladores vendo o crescimento da escalada esportiva, estilo que adoro escalar e faço questão de dizer isso, estão deixando essa cultura morrer e os grampos estão ficando cada vez mais extintos de nossas paredes, quero dizer, estamos acabando com uma cultura de 100 anos, essa é uma cultura do brasileiros copiar o que acontece lá fora nas gringas. Claro que na europa eles vão dizer que as chapeletas são melhores do que os grampos, pois é uma cultura deles e eles não vão deixar essa cultura morrer, então porque devemos copia-los? Me falaram uma vez que as chapeletas são melhores, pois faz menos força na hora de instalar, véi, na moral !!! papo de preguiçosos...

Texto retirado do site www.clubedosaventureiros.com e adaptado por Sergio Ricardo.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Gigante Pela Própria Natureza Pedra do Elefante

A escalada de aventura é conhecida como um esporte onde os riscos e exposições são inevitáveis a qualquer momento, seja no julgamento errado sobre a via, seja nas distâncias dos grampos, escaladas móveis, artificiais entre outras que poderia citar o tempo todo. Mas o que fazer? Já que as vias estão abertas e não podemos modifica-las? O meu conselho é, escale em lugares que lhe ofereça suporte, escolha os lugares que existam abrigos de montanha, e no caso de algum perrengue você pode ter um socorro, é claro que nunca se pode deixar de explorar por picos novos, por que é assim que o esporte cresce e novos picos de escaladas aparecem. Vai desbravar lugares mais selvagens onde o apoio é mais difícil e escasso? A não ser que você já saiba, outro conselho faz um curso de primeiros socorros, resgate em altura, e por ai vai de cursos de especializados para resgate em área remota. E nos Abrigos de montanha além do suporte você corre o risco de encontrar com seus velhos e fazer novos amigos. Depois de duas tentativas de escalar na pedra do Elefante, pensei que a terceira iria por água abaixo no dia 31/05 antes de sair de casa começou a chover pesado no Rio de Janeiro, mesmo assim tudo planejado para subir a Serra em direção a Petrópolis eu preferir arriscar e perder toda a viagem e tempo somente dentro do abrigo cheguei a concluir que São Pedro é um piadista, quando cheguei à pedra do Elefante tudo seco e todos os dias assim permaneceram, já na sexta feira de manha 01/06, com um friozinho bem cedo, eu e a Nereida Rezende subimos para a base da pedra, que, diga-se de passagem, fica a 15 minutos de caminhada do abrigo. Esse é um ponto forte do abrigo do elefante, fica muito perto da pedra, é possível ficar o dia inteiro na parede e chegar ao abrigo com o fim do dia, se planejar bem o dia. Levantamos relativamente cedo, por que chegamos por volta de meia noite no abrigo, e no quarto tinha um cara que roncava alto pra caramba, e as chances de fazer uma das vias mais clássica do lugar ficaria para a próxima vez, mais mesmo assim estávamos muitos motivados a fazer uma via clássica no Elefante e graças a minha parceira de cordada que vem me surpreendendo cada vez mais, mesmo sabendo que a via era um pouco mais exigente do que ela estava acostumada, botou pra jogo, escalando na raça e não pediu pra desistir em nenhum momento, realizamos a Via Quebra Cabeça 6º (VII) A1 D2 E3. Umas das vias que em minha opinião é clássica na pedra do Elefante. A via é completa com fendas, lances obrigatórios de sétimo e lance artificial obrigatório em teto que é necessário ter certa habilidade, pois, contem móveis e parafusos no artificial.(chegando na P2 Foto:Seblen Mantovani) No sábado ao invés da cabeça, estávamos com o corpo quebrado, mais a fissura falava mais alto, e optamos por “pegar leve”, entramos na fenda Xodó da Vovó VII E2, que queria conhecer desde a primeira vez que vi as fotos da pedra do Elefante, a via é perfeita pra quem gosta de móveis, fenda sólida que inicia em entalamentos de mão e no final mal cabe o dedo indicador, ficamos na via o dia inteiro, já no domingo optamos por descansar e deixar para fazer a via Saracura em uma próxima visita ao Elefante. Eu equipando a fenda e Nereida Rezende guiando com a fenda equipada. Já na segunda feira, dia 04/06, minha parceira e namorada Nereida Rezende tinha de voltar ao Rio de Janeiro, snif :-( e fiquei no abrigo, Luís Claudio Cortês, o “Ralf”, me fez convidou a ajudar no final da conquista da variante Jogue suas Tranças, a via é uma chorreira de aproximadamente 160mts que faz um link com a Maria Bonita, ainda não finalizada mais que será em breve, a via jogue as sua tranças seu setor é uma falésia nas alturas, estimamos ser um oitavo grau, como conquistar demanda tempo, não deu tempo de repetir a via no mesmo dia, então voltamos para o abrigo no final da tarde, ainda com luz, e deixamos para repetir a via toda na quarta feira, e tiramos a terça para descansar. Na terça subimos para o bloco do Tsá, uma esportiva de 9c, e de cima do bloco ficamos observando a pedra do Elefante, simplesmente gigante, é até difícil descrever a magnitude daquela rocha, muitas possibilidades de vias e muita, mais muitas chorreiras serpenteiam a pedra do Elefante dando ao lugar um estilo único, até os irmãos Iker e Eneko Pou ficaram deslumbrados em sua visita ao pico. No final voltamos ao abrigo e ficamos na expectativa de quarta feira, toda a energia estava voltada para encadenar as 4 enfiadas da via Jogue as suas tranças 6º 6ºsup 8? E2/E3, quando deu 06:00 da manha de quarta, São Pedro resolveu fazer mais uma piadinha, quando terminei o café começou a chuviscar, até então tínhamos uma esperança, era cedo e estava um chuvisco fino, até que veio a piada sem graça, desabou água com vontade, e a previsão foi aquela estragou muito o planejamento de muita gente que queria escalar no feriado, só me restou ir embora pra casa e esperar São Pedro mudar o seu show, pois essa temporada de piada sem graça já passou.Boas escaladas Sergio Ricardo Ralf conquistando a ultima enfiada. Serviços profissionais (www.rocksinrio.com)